Um clarão riscou o céu - Osvaldo Luis Viana

Cheiro de terra molhada - Imagem de domínio publico - Google
Era um dia chuvoso. Meu pai Alcides, eu, Pedro, João e mais uns camaradas, capinávamos o Arrozal. Choveu praticamente o dia todo. Chuva mansinha, suave. Escorria pela aba do chapéu e molhava nosso rosto, lavava até alma. Um cheiro de terra molhada que ninguém esquece.


Já ao cair da tarde, a chuva serena transformou-se em tempestade O dia virou noite: raios e trovões riscavam o céu. Procuramos abrigo embaixo da carreta cobertos por uma lona. Lembro-me perfeitamente dos relâmpagos que clareavam o céu e o chão. Uns rezavam, outros faziam piadas. Um Senhor que trabalhava conosco, dava risadas e dizia que São Pedro estava "riscando o binga". Eu, meu pai e meus irmãos pedíamos para Santa Bárbara nos proteger.

Foto: domínio publico - Google
“Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das Fortalezas e a violência dos furacões, fazei com que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem” ...

Neste momento a terra estremeceu, ficamos paralisados por alguns segundos, um nó na garganta, a voz sumiu... Uma linha de fogo correu pela cerca, ficamos inertes, o coração disparado clamamos a proteção divina.

Santa Bárbara ouviu nossas preces, cobriu-nos com seu manto sagrado. Abalados ainda pelo susto saímos debaixo da carreta para nossa casa quando a uns 100 metros de onde estávamos embaixo de uma amoreira uma tragédia.
Fotos ilustrativas do acontecimento - Domínio Publico - Google

Nós fomos salvos, as vacas não tiveram a mesma sorte. Todas morreram: 10 vacas que ali estavam. Saímos dali agradecidos e com a certeza que fomos protegidos naquele momento por Santa Bárbara.

Assim, continuo vencendo as tempestades e batalhas da vida, feliz por poder contar mais esta história de amor, proteção e fé. 


Comentários

  1. Maravilhiso texto, emocionantes lembranças, domínio fa palavra, sensível e equilibrado, envolvente, impossível parar de ler e ao término fica a continuação de algo que não se sabe onde foi parar!

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigado por acompanhar nossas histórias.

    ResponderExcluir
  3. Obrigada Osvaldo por relatar com tanta beleza esse fato que me marcou muito também

    ResponderExcluir
  4. Linda história padrinho... eu to acompanhado todas as histórias publicadas estou amando... Parabéns pela iniciativa

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A grande família Biazotti - Por Maria Lucia Biazotti

Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal - Por João Luiz Viana

Tempos açucarados - João Luiz Viana