Missões Redentoristas - 1972 - Marcos Antonio Corrêa

Foto das Missões Redentoristas de 1972. Nela pode-se ver Leila Araujo, a partir da esquerda, a Maria, José Roberto e Edvaldo Araujo. Percebam as bandeiras logo acima do altar.


Quem não se lembra das missões redentoristas de 1972? Tinha 08 anos e me lembro muito bem.
Padre Albertine. Já idosos, mas com um vigor sem igual foi o missionário do Bugre. Para lá se dirigiam o povo com fé, povo com fome de Deus.

1972. Tempos dos anos de chumbo da ditadura militar. Parte da Igreja ainda comprometida com o rompimento institucional. Lembro que um das orientações era montar um altar ladeado pela bandeira do Brasil e de São Paulo. Era o Ame-o ou Deixe-o contaminando as praticas religiosas. Esse tipo de ligação só pude fazer muitos anos depois.

Dona Hortência, minha mãe, não contente em praticamente estar na capela 24 horas por dia, nos fez mudar de casa. Nessa época, tinha uma casa de madeira, ao lado de uma paineira ainda existente, no sítio do Sr. José Repolhinho e Dona Elvira. Foi uma verdadeira mudança mesmo: com cama, artefatos da cozinha, roupas e tudo mais. Creio que uns dez dias durou essa missão e durante todo esse tempo morarmos lá, pois segundo minha mãe, facilitava para Padre Albertine tomar banho, tomar café da manhã, almoçar e jantar. Somente alguém com muita fé poderia fazer isso e minha mãe era uma dessas e mais, convencer toda família da necessidade de todos mudarem sua rotina.

Trago comigo as cantigas das missõezinhas:
Maricota, Maricota, Sebastião
Venha a missãozinha
Venha a missãozinha
Que é bom
Que é bom.

Um grande cruzeiro foi erguido nas terras dos Biazoths. Lá ficou por muito tempo. Em épocas de seca, como agora, fazíamos romarias até o pé do cruzeiro, levando água, lá depositando, clamando e orando por chuva. E detalhe: a chuva vinha.

Padre Albertine, segundo minha mãe, no dia do levantamento do cruzeiro, enquanto o povo cantava, chegou até o ouvido de minha mãe e cantou, acompanhando o ritmo da música do momento:
Dona Hortencia
Vai pra casa
Vai pra casa
Prepara aquela jantinha
Aquela galinhada
Que é bom
Que é bom
Rsss.

Missões Redentoristas eram tempos fortes de muita fé. Tempos de trocas e fortalecimento da vida comunitária. Essa herança ainda se faz presente em nosso meio e certamente, tem como resultado, de nossa geração estar agora fazendo esse resgate histórico de nosso bairro.

Tempos de fé. Tempos de união. Tempos de vidas iluminadas.
Esse é o cruzeiro de 1972. Construído pelos homens do bairro durante as missões. Estão no descidão, antes do Arvão, se dirigindo ao local onde permaneceu por vários anos, até ser destruído pelo tempo, nas terras do Sr. Joaquim Biazoth.

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