A grande família Biazotti - Por Maria Lucia Biazotti
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Joaquim Biazotti, Dona Rosa Biazotti e a bisneta Isadora |
No dia 01 de maio de 1963, chega ao Bugre uma grande família
descendentes de italianos, vinda de Santa Cruz do Rio Pardo a procura de terras
para cultivar o café. Já haviam visitado outras terras, mas se encantaram com o
Bugre. Apesar de ser um sítio com uma área de terra menor do que outras que
tinham visitado, resolveram ficar por aqui, pois o cafezal já estava produzindo
e o bairro movimentado. Meu pai disse que parecia uma cidade com muitas casas e
muitos moradores, a maioria colonos. Minha mãe disse que quando a família
chegou, todos do bairro estranharam a maneira como se vestiam, os homens iam de
terno à missa e as meninas com seus melhores vestidos, esse era o costume de
onde vinham, outro fato era o costume de comerem polenta todos os dias de manhã
e na janta, coisa que não era comum entre os moradores daqui.
Meu vô, Joaquim Biazotti e minha vó, Rosa Camilotti tinham
10 filhos, 5mulheres (Tereza, Maria, Iolanda, Laurinda) e 5 homens (Pedro José,
Ricardo, Armando, Luiz e João Antonio) dos quais 4 filhas já casadas. Duas
delas não vieram, já tinham uma vida estável em Sta Cruz ( tia Teresa e a tia
Iolanda). A tia Maria e a tia Antonieta (Antonia), vieram e tinham 4 e 3 filhos
respectivamente. Dos homens apenas o tio Zé era casado, mas não tinha filhos
ainda, minha tia Terezinha engravidou e no ano seguinte nasceu a Margarete a
primeira Biazotti bugrina, que infelizmente não está mais entre nós.
Meu pai (Ricardo)
conheceu a minha mãe no Bugre e no ano seguinte se casaram, (rapidinhos né?) e
eu fui a terceira Biazotti bugrina, antes de mim nasceu a Marta filha da tia
Antonia e assim a família foi crescendo e todos os outros filhos se casaram com
pessoas do bairro ou de bairros vizinhos.
Meu avô era uma
figura, gostava de tomar cerveja e cachaça ( o que rendeu muitas histórias já
contadas), das pernas da Gretchem (não perdia um programa do Sílvio Santos,
pois ela estava lá todos os domingos) e de política. Era MDB, enquanto a
maioria dos habitantes do bairro eram ARENA e isso rendia grandes encrencas na
época das eleições. Ele e meu avô Alcides Viana (se ve né véio) eram grandes
amigos, mas essa amizade sofria grandes abalos nesse período e toda família
sofria as consequências, principalmente minha mãe e a tia Dita que eram casadas
com dois irmãos, (não gosto nem de me lembrar) mas depois tudo se ajeitava. Ele
apostava muito dinheiro nas eleições e normalmente perdia, mas quando o Zé Luiz
ganhou ele recuperou o prejuízo e imagina um homem feliz!
Minha avó Rosa era
uma mulher forte e todos os filhos tinham nela um porto seguro. Era a ela que
recorriam em todas as situações que precisavam de conselhos. Era uma mulher de
fé e acreditava no poder da oração. Rezava um terço pela família todos os dias
e se orgulhava dos filhos trabalhadores e de nenhum deles ser alcoólatra.
Lembro de sempre ver uma vela acesa em sua casa (daquelas que ficam flutuando
em um copo com água e óleo). Um dia ela me contou que era uma promessa que
tinha feito para o meu pai se curar de um problema de saúde. Nenhum dos médicos
que ela o levou conseguiu curar. Ele tinha convulsões várias vezes ao dia o que
impediu que ele frequentasse a escola, a professora não o aceitou na sala de
aula, pois não sabia o que fazer durante as convulsões, sinto que meu pai sente
uma revolta por isso. O meu pai se curou quando completou 15 anos e a vela permaneceu
acesa desse dia até o dia em que ela se foi para sempre.
Hoje a família conta
com aproximadamente 130 membros entre filhos, genros, noras, netos, bisnetos e trinetos.
Tivemos uma infância com muitos primos, brincadeiras, brigas, alegrias,
tristezas e tudo mais que faz parte do convívio de uma grande família. Hoje
apenas 5 filhos e 3 netos continuam morando no Bugre, mas os outros que
nasceram aqui, não se desligam. Estão sempre visitando a família e o lugar onde
seus umbigos foram enterrados e espero que sempre seja assim, até o fim.
Maria Lucia Biazotti é filha de Ricardo Biazotti e Maria Viana Biazotti.
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Da esquerda p direita: Teresa, Maria, Antonieta | A mais novinha Laurinda e ao lado Iolanda |
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Elas agora: da esquerda para direita: Laurinda e Antonieta. | Embaixo: Teresa , Maria e Iolanda |
Seu Joaquim, em tempo de chuva com ventos com muita fé tinha o poder de afastar o mau tempo com suas mãos erguidas ao céu com um ramo verde, e assim se desfazia passando longe.
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