E os bugrinos vão a Escola - Penha Lucilda de Souza Silvestre
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Fachada atual da EE Nicola Martins Romeira - Foto: desconhecido |
Com o capricho de quem tenta escrever uma história, abro um
velho livro encadernado com linho que desfia com o tempo. Folhas amarelas,
letras desenhadas com cuidado, redondas e calmas. É !!! O tempo passou. Viro as
páginas do velho livro: Madeira pura, envernizada. Madeira de lei. Nada
aconteceu assim tão rápido. O livro registra a história de um povo: São volumes
e volumes guardados em armários. Cada livro guarda a vida de tantos alunos que
aqui passaram...
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Arquivo - EE Nicola Martins Romeira |
Vidas que se fizeram -nos velhos bancos da nossa escola,
quando a merenda era ainda dividida no recreio com os amigos. Sentavam-se no chão
ou nos degraus da porta de entrada. O diretor passava por eles, os professores
os acompanhavam pelos olhares. Era uma festa!!! Uma história se fez e seus
filhos também sentaram-se no mesmo banco que seus pais e avós lá estiveram. A
escola mudou, mudou e mudou. Mudou naturalmente, porque a vida é plena de
mudanças. A cada dia acontecem novas histórias. Passaram os filhos, os netos,
os bisnetos, os tataranetos... a escola mudou de cara, mas a essência é a
mesma: lugar de aprendizagem, conhecimento, partilha, e amor.
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Foto: Arquivo da Escola |
Lugar poético, político e democrático. Lugar onde se faz
homens de caráter, profissionais de talento, homens que colorem o mundo e que
um dia foram crianças e correram no pátio da escola. Como esquecer aquele MAPA
na parede lateral do antigo prédio velho e que ainda está lá??? Desbotado com o
tempo mas vivo em lembranças. Quem nunca jogou pedrinhas para saber onde iriam
morar??? Os alunos descobriram no mapa que o mundo é imenso. Não há fronteiras e barreiras, cada dia uma viagem diferente para qualquer lugar do mapa... Daí a magia é o encanto.
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Foto: Arquivo da escola |
Posso ouvir os meninos jogando bola, gritando palavrões, as meninas
desfilando com seus vestidos com babados, bordados de ponto cruz. Seus
uniformes branquinhos e alvejados...
E cantavam as cantigas de rodas e as modinhas daquela época.
Vem a lembrança dos fatos passados que comungam com o
presente!
A aula, sempre no início de cada novo assunto uma história,
um mito ou um conto...
A medida que ouvíamos as histórias, éramos transportados
para outro tempo, para um local desconhecido e
encontrávamos Machado de Assis,
José de Alencar, Érico Verissimo, Ana Maria Machado, Marina Colasanti, Ricardo
Azevedo, Deuses , ninfas...
Neste lugar mágico experimentamos não apenas a possibilidade
do lugar da imaginação, mas a possibilidade criadora do homem. Assim adentramos
ao mundo das ciências, das letras, das artes...
Tudo isso só foi possível, porque a nossa escola alcançou
uma relação amorosa, comprometida e preocupada com o saber.
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Foto: Arquivo da Escola |
Daí a magia é o encanto: Qual é a natureza dessa mágica? A
mágica pode ser a entrega é o cuidado pelo outro. É o ser humanizado. É a nossa
Escola Nicola!!!
Mas os caminhos dos bugrinos até a escola Nicola não foram tão suaves...
Mas os caminhos dos bugrinos até a escola Nicola não foram tão suaves...
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Foto: Arquivo da Escola |
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Foto: arquivo da escola |
Belíssimo texto Penha. Lembro da minha professora do 1°ano, Dona Terezinha. Lembro tb de ir a escola com minha mãe q foi professora da escola. Belas recordações. ❤️
ResponderExcluirLinda história de um povo que tendo o primeiro aprendizado teve que deixar sua cidade de origem para ter um futuro melhor, que na maioria alcançou e hoje exemplos de vida, de família neste espaço revelados e recotdados.
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