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Mostrando postagens de 2020

A Ferro e Fogo - João Luiz Viana

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Avelino Luíz Viana No raiar do dia, qdo o sol despontava no horizonte, lá no alto do espigão, ouvia-se um barulhão. Não era trovão, era o barulho da boiada no repique do chicote. Era uma sinfonia, só faltava o berrante. Tudo orquestrado, ao descer do estradão o berrante era tocado. Seu som estridente por casas e casebres adentraram e crianças e velhos se emocionavam. Nossa quanta alegria. As crianças saiam em disparada, até os cachorros se alvoroçavam. Era o sinal da chegada. A boiada do Bugre de cima se encontrava com a boiada do Bugre de baixo. Com certeza era briga de boi grande. Todo cuidado era tomado para evitar o encontro dos touros. Eram bons de briga. A molecada corria para ver a chegada da boiada. A poeira vermelha que levantava do chão do estradão nos ofuscava. Na dianteira os cachorros acostumados faziam a separação. Meu avô Avelino Luiz Viana, era o  ponteiro, depois vinha meu pai Octacilio, tio Amprilio, Alfredo, Alcides e outros que gostavam da peo...

Sonhos de Menina - Aparecida Dias da Silva Viana

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Sonhos de Menina... Era uma vez, uma menina... A menina tão pequenina não queria ser bailarina, nem tão pouco sonhava com medicina. A menina queria mesmo era ser professora. Sim, professora! Talvez tenha herdado do pai professor o dom de ensinar. O pai da menina era professor não formado. Professor sem nunca em uma escola ter pisado.  O pai da menina aprendeu a ler e a escrever com um tio tutor. O pai da menina, muito inteligente, aprendeu tão bem o português que se aventurou no inglês. Comprou uma vitrola, discos de vinil e voou pra fora do  Brasil...  Na casa da menina havia um velho baú. Era o baú do conhecimento. No baú havia canetas, lápis, cadernos, livros e revistas. Muitas revistas... Toda vez que ia para a cidade, o pai da menina comprava uma revista nova. Daquele baú, todo fim de tarde, saia uma viagem diferente, uma cultura diferente, um país diferente... O pai da menina era leitor por excelência, lia e mostrava fotografias. E a menina viajav...

Um filho, uma árvore, um livro... - João Luiz Viana

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Sempre ouvi dizer que  toda pessoa deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. O difícil  mesmo é criar o filho, cuidar da árvore e alguém ler o seu livro. Meu filho nasceu no dia 04/10/1991, dia de São Francisco de Assis, dia dos animais. Em sua homenagem plantei uma Acácia amarela ao lado do cafezal onde eu trabalhava. Morávamos no sítio na época e o nosso quintal ficava  em frente a diversas minas que formavam uma enorme várzea. Na ocasião, utilizado para a cultura do arroz. Todas as manhãs e tardes levava meu filho para passear neste espaço. Era lindo de se ver... Tudo verdinho, parecia um mar, formava até ondas verdes...Quando seco ficava amarelo, como se fosse ouro. Com o vento aquele arrozal parecia cantar. Era uma linda sinfonia. Após a colheita, o cenário se transformava, tudo aquilo virava cinzas, virava pó...a água era drenada e a várzea secava para o ciclo se repetir. Sempre questionei tal prática, porém, aquilo era uma tradição passada...

A carroça - João Luís Viana

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Muitas gerações se passaram olhando para aquela CARROÇA. Fio condutor de sonhos que palpitavam no coração de tanta gente... No lombo de burros e carroças sonhos foram se transformando em realidade moldados pelas dificuldades da época. Abrir terras, plantar os cafezais, criar os animais. A carroça na roça era o utilitário da época. Buscava as parteiras, fazia as compras, levava as famílias para missa, para as festas, para passear... Era o carro de luxo. Carroça na roça era essencial. Levava sementes, ferramentas, transportava a produção, colheita do milho, do arroz, do café e do feijão... Ainda ouço o barulho da carroça... O tempo passava devagar, muito devagar... Aos sábados era dia de compras na cidade. Todas as carroças na estrada, parecia procissão. No Armazém comprava sal, açúcar, farinha de trigo, querosene e de vez em quando uma bebidinha... O resto tinha no sítio, banha na lata com a carne de porco, fubá e farinha de milho no monjolo, franguinho no quintal e a ...