Um filho, uma árvore, um livro... - João Luiz Viana

Sempre ouvi dizer que  toda pessoa deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. O difícil  mesmo é criar o filho, cuidar da árvore e alguém ler o seu livro.
Meu filho nasceu no dia 04/10/1991, dia de São Francisco de Assis, dia dos animais. Em sua homenagem plantei uma Acácia amarela ao lado do cafezal onde eu trabalhava.



Morávamos no sítio na época e o nosso quintal ficava  em frente a diversas minas que formavam uma enorme várzea. Na ocasião, utilizado para a cultura do arroz. Todas as manhãs e tardes levava meu filho para passear neste espaço. Era lindo de se ver... Tudo verdinho, parecia um mar, formava até ondas verdes...Quando seco ficava amarelo, como se fosse ouro. Com o vento aquele arrozal parecia cantar. Era uma linda sinfonia.

Após a colheita, o cenário se transformava, tudo aquilo virava cinzas, virava pó...a água era drenada e a várzea secava para o ciclo se repetir. Sempre questionei tal prática, porém, aquilo era uma tradição passada de geração em geração...

O tempo foi passando, o filho foi crescendo e o desejo de plantar árvores aflorou de vez...
Por coincidência na época surgiram Projetos que viabilizavam  a recuperação de nascentes. Era o que eu precisava. Um motivo, um norte, um incentivo. Eu, minha esposa e meu filho abraçamos o Projeto, fizemos parcerias com a Prefeitura, Casa da Agricultura, professores e alunos da E.E Nicola Martins Romeira e Escola Samuel Pereira de Lima e iniciamos o trabalho. Tive a colaboração da minha família e amigos para o plantio das árvores em especial da saudosa Marcília do Rosário Freitas. Plantamos mais de três mil mudas de árvores. Tarefa árdua, porém, o pior estava por vir... Plantar até que foi fácil, cuidar das árvores foi meu maior desafio...regar, capinar, formigas que cortavam, podar até atingirem um tamanho razoável.

Ver aquelas árvores crescerem era uma alegria imensurável e aquilo foi contagiando toda a Comunidade.

Os vizinhos também começaram a plantar árvores e  um corredor de Mata Ciliar começou a percorrer toda a Água do Bugre desde sua Nascente.

A Natureza é mesmo mágica, quem diria que aquelas pequenas mudinhas se transformariam em uma linda FLORESTA, mata fechada mesmo. Lá tem Ingá, Peroba, Pitangueira, Cedro, Marfim, Ypê, Ângico, Araçá, Figueira, Pau Óleo e tantas outras....

Onde tem árvores, tem pássaros...

Eles voltaram, tem Tucano, Pica-Pau, Sabiá, Maritacas, Periquitos, Canarinho, Coleirinhos, Sangue de boi e muitos e muitos outros... Junto com os pássaros também voltaram os animais. Virou realmente uma floresta...


Ciclo da Vida em sua forma mais harmônica.

O filho, as árvores, falta o livro... Quem sabe essas histórias se transformem em um.

Criei o filho, cuidei das árvores, caso essas histórias se transformem em um livro, conto com vocês para lerem..

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A grande família Biazotti - Por Maria Lucia Biazotti

Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal - Por João Luiz Viana

Tempos açucarados - João Luiz Viana