Um lugarzinho no meio do nada - João Luiz Viana

Imagens de filme realizada na década de 1950 em Ribeirão do Sul

No meio do nada, tínhamos de tudo, tecnologia de ponta, última geração. Como descrever aquela sinfonia que durava noite e dia......

Imagem ilustrativa - Google
chuaaaaaaaa, tal, chuaaaaaaaaa, tal. Era o nosso Monjolo, quanta alegria saber que dali saiam mil e um quitutes. Logo ali, o moinho, de grão  em grão aquele milho amarelinho transformava-se em fubá,  farinha e até  canjiquinha. Sinto ainda o cheiro do bolo de fubá,  das broas de milho que dava água na boca, assadas sobre as folhas de bananeiras e aquela polenta com frango caipira...

O Moinho e o Monjolo não  eram só  encanto, com seu barulho sequencial, transformava milho em alimento. Aquilo parecia procissão,vinha gente de muito longe trocar milho por fubá, à cavalo, charrete,  carroça ou a pé.

  no alto, o imponente Casarão com água  encanada, chuveiro com água quente, já  tinhamos energia elétrica,  novidade para época, virou atração. Turbina elétrica era novidade. Ainda tínhamos o Engenho, lembro muito bem daquele caldo de cana delicioso, depois do melado, do açúcar mascavo...

Doces Tempos...

Quanta inocência, saudades das brincadeiras de pique salva, o futebol com as bolas de meia, das caçadas com estilingue, bodoques,  arapucas, bolinhas de gude...

Nadar e pescar na Lagoa era rotina.

O caminho da escola era uma festa, pés descalços, bolsa de pano feita de saco de açúcar.

No meio do caminho sempre tinha confusão e muito perigo. Passávamos por pinguelas, tomávamos  chuva,  sol de rachar...

Pior mesmo eram aquelas vacas bravas, pareciam estar sempre a nossa espera, todo dia era aquele carrerão...

Nossos Caminhos da Escola nunca foram tão  Suaves...

Parte importante da minha vida, Bugre de Baixo, onde morei até  meus 10 anos. Rodeado de animais, sempre bem acompanhado com cachorros bem treinados. Como esquecer dos  cavalos o Alazão e o Baio usados para lida com o gado e as corridas.

Saudades dessa época, mas dias sombrios vieram,  hoje só restam memórias de um tempo que não volta mais. Lembranças do meu avô Avelino Luiz Viana idealizador que transformou esse lugar no meio do nada, em fonte de renda, sustento e acalento para tantas pessoas.



Fotos da Fazenda Rancho Alegre, onde se localizava o Monjolo citado na história. Nelas aparecem o Sr. Avelino Luiz Viana, sua esposa Floripes e seus filhos.


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