Sorte é pra quem acredita nela - Por João Carlos dos Santos
Na cidade de Ribeirão do Sul, Bairro Agua dos Bugres, meados
de 1971, meu pai, hoje falecido,
conhecido pela alcunha de José Repoinho, como sempre há muitos anos,
tentava sorte na Loteria Federal.
Comprava ao menos uma fração do bilhete sempre que podia, época
em que passávamos dificuldade, pois trabalhava juntamente com minha irmã mais
velha e minha mãe em terra de outros como meeiros na lavoura de café.
Um determinado dia, quarta feira, em tempo de colheita,
apurado no serviço, ele deixou os afazeres mais cedo, com o protesto de minha
mãe, e foi à cidade com sua velha bicicleta comprar o tal do bilhete dizendo
que o Touro iria dar na cabeça, bilhete este que havia encomendado para o único
vendedor de bilhetes na cidade, Sr. Sebastião Bueno e iria comprar uma caixa de chá mate, o
bom motivo pra poder ir à cidade.
Chegando de lá, todo falante e esperançoso, ligou o velho
rádio de pilha a bobina, aonde as ondas chegavam com dificuldade e por volta
das 18h, horário do sorteio, colou seu ouvido pedindo silêncio à todos pois justamente na hora do anuncio do primeiro prêmio, mal dava pra ouvir
o anuncio, mas ele disse: Ganhei!!!
Tal era a euforia pra comprar o tal bilhete, que na cidade
acabou por se esquecer de comprar a tal caixa de chá, então, de posse do
bilhete no bolso, foi até a venda do Sr.
Malaquias, próximo do sitio em que morávamos, e lá comemorou com todos ali
presentes, ganhou no primeiro premio um
valor na época expressivo, ao ponto de todos dizerem: Ficou rico.
Voltou para casa com a maravilhosa noticia, e ao mesmo tempo
chegou da cidade o Sr. Sebastião Bueno, o vendedor de bilhetes, de táxi, que naquele dia, havia encomendado duas
frações com o mesmo numero a qual o fez
também um ganhador.
No dia seguinte, emprestou dinheiro do vizinho de sitio Sr.
Arlindo Trigolo, para ir à cidade de Ourinhos juntamente com Sebastião Bueno
resgatar o premio.
A partir deste dia, a mudança na vida de nossa família foi
radical, com o dinheiro ganho adquiriu suas próprias terras, a qual temos até
hoje, e como sempre trabalhador, com a ajuda da família, lá fomos criados e
cada um seguiu seu destino.
O destino dele? Faleceu de infarto, trabalhando, cuidando
das mesmas terras ganhas com o sonho realizado de um dia ter sido proprietário
através da sorte, pois acreditou nela.
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Sr. José Repoinho com seus netos Ulisses e Drieli |
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Dona Elvira, esposa do Sr. José Repoinho |
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