Postagens

A Ferro e Fogo - João Luiz Viana

Imagem
Avelino Luíz Viana No raiar do dia, qdo o sol despontava no horizonte, lá no alto do espigão, ouvia-se um barulhão. Não era trovão, era o barulho da boiada no repique do chicote. Era uma sinfonia, só faltava o berrante. Tudo orquestrado, ao descer do estradão o berrante era tocado. Seu som estridente por casas e casebres adentraram e crianças e velhos se emocionavam. Nossa quanta alegria. As crianças saiam em disparada, até os cachorros se alvoroçavam. Era o sinal da chegada. A boiada do Bugre de cima se encontrava com a boiada do Bugre de baixo. Com certeza era briga de boi grande. Todo cuidado era tomado para evitar o encontro dos touros. Eram bons de briga. A molecada corria para ver a chegada da boiada. A poeira vermelha que levantava do chão do estradão nos ofuscava. Na dianteira os cachorros acostumados faziam a separação. Meu avô Avelino Luiz Viana, era o  ponteiro, depois vinha meu pai Octacilio, tio Amprilio, Alfredo, Alcides e outros que gostavam da peo...

Sonhos de Menina - Aparecida Dias da Silva Viana

Imagem
Sonhos de Menina... Era uma vez, uma menina... A menina tão pequenina não queria ser bailarina, nem tão pouco sonhava com medicina. A menina queria mesmo era ser professora. Sim, professora! Talvez tenha herdado do pai professor o dom de ensinar. O pai da menina era professor não formado. Professor sem nunca em uma escola ter pisado.  O pai da menina aprendeu a ler e a escrever com um tio tutor. O pai da menina, muito inteligente, aprendeu tão bem o português que se aventurou no inglês. Comprou uma vitrola, discos de vinil e voou pra fora do  Brasil...  Na casa da menina havia um velho baú. Era o baú do conhecimento. No baú havia canetas, lápis, cadernos, livros e revistas. Muitas revistas... Toda vez que ia para a cidade, o pai da menina comprava uma revista nova. Daquele baú, todo fim de tarde, saia uma viagem diferente, uma cultura diferente, um país diferente... O pai da menina era leitor por excelência, lia e mostrava fotografias. E a menina viajav...

Um filho, uma árvore, um livro... - João Luiz Viana

Imagem
Sempre ouvi dizer que  toda pessoa deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. O difícil  mesmo é criar o filho, cuidar da árvore e alguém ler o seu livro. Meu filho nasceu no dia 04/10/1991, dia de São Francisco de Assis, dia dos animais. Em sua homenagem plantei uma Acácia amarela ao lado do cafezal onde eu trabalhava. Morávamos no sítio na época e o nosso quintal ficava  em frente a diversas minas que formavam uma enorme várzea. Na ocasião, utilizado para a cultura do arroz. Todas as manhãs e tardes levava meu filho para passear neste espaço. Era lindo de se ver... Tudo verdinho, parecia um mar, formava até ondas verdes...Quando seco ficava amarelo, como se fosse ouro. Com o vento aquele arrozal parecia cantar. Era uma linda sinfonia. Após a colheita, o cenário se transformava, tudo aquilo virava cinzas, virava pó...a água era drenada e a várzea secava para o ciclo se repetir. Sempre questionei tal prática, porém, aquilo era uma tradição passada...

A carroça - João Luís Viana

Imagem
Muitas gerações se passaram olhando para aquela CARROÇA. Fio condutor de sonhos que palpitavam no coração de tanta gente... No lombo de burros e carroças sonhos foram se transformando em realidade moldados pelas dificuldades da época. Abrir terras, plantar os cafezais, criar os animais. A carroça na roça era o utilitário da época. Buscava as parteiras, fazia as compras, levava as famílias para missa, para as festas, para passear... Era o carro de luxo. Carroça na roça era essencial. Levava sementes, ferramentas, transportava a produção, colheita do milho, do arroz, do café e do feijão... Ainda ouço o barulho da carroça... O tempo passava devagar, muito devagar... Aos sábados era dia de compras na cidade. Todas as carroças na estrada, parecia procissão. No Armazém comprava sal, açúcar, farinha de trigo, querosene e de vez em quando uma bebidinha... O resto tinha no sítio, banha na lata com a carne de porco, fubá e farinha de milho no monjolo, franguinho no quintal e a ...

Um verde, tom de esperança - Por Silvia Araújo

Imagem
Me lembro quando criança do verde em tom de esperança Do verde verdade da vida Do verde família que unida Do verde no colo dos pais Do verde reverso do tempo Do verde das lágrimas Do verde em tom de descontentamento Do verde do sair para a vida Do verde ao aprender todo dia Do verde da alegria Do verde ao mostrar que embora permaneça verde é necessário se redescobrir Do verde atual que se reinventa Do verde que permanece familiar Do verde que embora distantes no mundo Do verde presente no coração dos pais Do verde que nenhuma situação é capaz de deixar de esperançar Pois o verde de quando criança ainda é verde agora e sempre será. Não importa a circunstância E nunca passará a importar O que é preciso   e que conste a única necessidade que há Que esse verde viu nascer o amor de José e Laura e fez desabrochar em 7 vidas a perfeição de uma família que unida nunca deve deixar de se amar. Se Deus permitiu 7 irmãos o número da perfeição, ...

Uma casa com muita história para contar... - Por João Luiz Viana

Imagem
Vivia no meu mundinho encantado, naquele lugarzinho no meio do nada... Lá, um antigo camarada, contador de causos dos bons, com sua voz cansada contava os causos da casa em que morava, dizia que era mal assombrada. Contava coisas horripilantes, de causar arrepios na espinha... Eu ainda era um menino e tão   pouco me importava, gostava dos causos e acreditava que fazia aquilo para assustar a molecada. Mas, por ironia do destino, coube a mim, ainda menino e minha família nesta mesma casa morar... Já   consciente do que se passava, mudamos para a tal casa. De cara foi aquele susto... voltamos para as lamparinas, os candieiros, o lampião... Lá   não   havia energia elétrica, tudo era escuridão...Terreno fértil para imaginação, visão e até assombração... Lembrei das histórias contadas e não   é que a casa era realmente mal assombrada? Nas noites que se passavam, todos reclamavam que ouviam passos pela casa, alguns chegavam até  ...

Uma oásis, uma lembrança - Por Mara Candida Viana

Imagem
" Arvão" motivo de tantas lembranças - Arquivo pessoal de Marcos Antonio Corrêa Certa vez ouvi de um visitante do Bugre...que o Bugre era um pequeno vale, ou melhor, um oásis de beleza e pessoas puras e do bem...que não faziam a mínima ideia de quanto a felicidade ali fazia morada. Eu pensei...de onde sai tanta imaginação!!!!   O Bugre não era tudo isso não!!! O tempo foi passando, fomos crescendo, envelhecendo e as pessoas puras e do bem partindo...Ah "Fião"* lembro de termos conversado muito debaixo do "arvão" na véspera de sua despedida...muitas histórias eu ouvi, privilégio meu amigo, fui sua ouvinte naquela tarde de sol...lágrimas correram, mas tinha certeza que por onde fosse seria feliz!!! Até que um dia, também parti...e até hoje busco sentir a proteção, o cuidado, as gentilezas que no Bugre vivi...um tempo que fui feliz e sabia, por isto aproveitei com minha família e amigos a melhor fase de minha vida. Agora só gratidão!!!! *   ...